A ARCA - Associação Recreio Cultura e Assistência - no ano em que comemora 20 anos de existência, aposta forte no futuro. A formação tem sido a grande prioridade, consubstanciada na estrutura da equipa sénior. Há treze anos, o clube de Aguada de Baixo apostou na mesma política, só com atletas da terra e subiu aos nacionais. Agora volta a apostar numa equipa nova, toda ela da formação. Para já, para lutar pela manutenção, depois para pensar em outros horizontes.

Continuidade do trabalho

O futsal tem sido a modalidade rainha na ARCA, participando nos campeonatos distritais de Infantis, Juniores e Seniores. O andebol também “fez parte da mobília”, mas como os custos eram elevados, havia falta de apoios e a maioria dos atletas era de fora da terra, a modalidade tornou-se incomportável.

Luís Oliveira, por razões de ordem pessoal, não terminou o mandato, tendo sido substituído por José Manuel Pereira, então tesoureiro da direcção, elemento que já desempenhou outras funções no clube como director e seccionista do andebol feminino nos quatro anos que leva de ARCA.

Lançado o repto porque aceitou a presidência, mesmo de forma interina, José Manuel Pereira disse: “Numa reunião de direcção todos apostaram em mim. Alguém tinha que dar continuidade ao trabalho, não podíamos fechar as portas à ARCA e aceitei, de bom grado, por amor à causa”.

O mandato acaba em Dezembro e sobre uma eventual recandidatura, o presidente da ARCA afirmou que “em princípio, não devo continuar, já é tempo de dedicar algum tempo à família. Dentro de Aguada de Baixo teremos que arranjar alguém que pegue no leme, porque, pela sua acção social, a ARCA não pode fechar as portas”.

Está direcção está em funções há nove meses. Sobre o que tem sido feito, José Manuel Pereira diria que em termos de obras a direcção não fez nada por falta de verbas.

No entanto, com o apoio da Junta de Freguesia de Aguada de Baixo, foi cedido o antigo posto médico, onde o clube passou a ter a sua secretaria. “Temos dado apoio às equipas e a dar continuidade ao trabalho vindo de trás, como a realização dos Jogos sem Fronteiras e o Ciclo-Turismo, dando-lhe mais força e consistência, porque foi nossa intenção aproximar a ARCA à população, aproximar as pessoas umas às outras”, contou-nos o líder da ARCA.

Outras iniciativas estão em marcha, como uma Escola de Dança, onde já foi feito um estudo - ensaio com um professor no salão da Junta de Freguesia -, cuja receptividade foi positiva, e uma biblioteca - secção de livros - a implantar no ex-posto médico.

O orçamento é de 12.500 euros e os apoios, segundo José Manuel Pereira, advêm “de meia dúzia de pessoas que nos ajudam bastante, de duas firmas, sócios, da carolice da população, do jantar de aniversário, das janeiras. Da Câmara Municipal de Águeda e Junta de Freguesias é só promessas para o futuro”.

Sobre os objectivos desportivos, o presidente da ARCA espera bons resultados: “A equipa está a subir, mas só queremos a manutenção. Se acontecer mais alguma coisa não a enjeitaremos, embora sem criar responsabilidades aos jogadores e treinador, dado que a equipa é jovem”.

Sobre os 20 anos da Associação e do jantar de aniversário, no próximo sábado, dia 18, no pavilhão da ARCA, a direcção, durante o evento, vai mostrar parte do historial do clube com provas livres colocadas em prática nos Jogos sem Fronteiras, música e muita diversão.

José Manuel Pereira espera que os sócios e amigos da ARCA compareçam em força: “Deixo aqui um apelo às pessoas que, por lapso, não tenham sido convidadas, que apareçam. Há mesas para todos. A sua presença será um grande incentivo para continuarmos o nosso trabalho”.

Renovação a pensar no futuro

Filipe Fonseca tem quase tantos anos de ARCA como da existência do clube. O treinador dos arquistas diz que a época na 1.ª divisão distrital está a correr como o esperado, apesar de reconhecer que a sua equipa merecia ter mais quatro pontos. Podia ter ganho na Feira e, pelo menos, empatado em casa com o Covão do Lobo, jogos que acabou por perder.

Manutenção

“Estou satisfeito com a atitude e empenho dos atletas. Esta época, houve uma grande mudança na equipa. Saíram quatro atletas e essas saídas foram colmatadas com ex-juniores”? “aquilo que nos propusemos fazer, que é a manutenção, está dentro das nossas expectativas. Vamos perder mais jogos, a equipa é inexperiente e, em conjunto com a direcção, assumimos o risco, o risco de apostarmos numa equipa jovem, formá-la para o futuro”.

“Temos na equipa sénior cinco atletas da formação. É uma equipa nova, dos jogadores que estiveram no nacional apenas está o Jacinto, e estamos a enveredar pela mesma política de há 13 anos, juntar os atletas só de Aguada de Baixo. Noventa por cento dos jogadores são da terra e queremos fazer o mesmo, aproveitando os frutos da formação”.

Filipe Fonseca

Chegar até onde? Eis a questão. “O nosso objectivo não é a subida de divisão. Com os atletas que temos, mais os que estão na formação, acredito que, no futuro, a ARCA pode chegar novamente à terceira divisão nacional”, frisou Filipe Fonseca.

O técnico da ARCA está consciente que o clube se sujeita a perder todos os anos jogadores, sente-se orgulhoso por ver atletas jogar nos nacionais, mas também se arrisca a fazer formação duas vezes, porque alguns experimentam o futebol onze e depois regressam.

Filipe Fonseca elogiou o trabalho que está a ser feito por Tozé Santos, treinador dos juniores, que tem mostrado excelente abertura ao dispensar alguns atletas para a equipa sénior: “Para ele é uma vitória, para nós, mais felizes ficamos, sinal que a ARCA está a trabalhar bem na formação”.

Manuel Zappa
zappa@jb.pt